segunda-feira, janeiro 14, 2008

Cassandra´s Dream by D.C.


Após oito filmes (arrisco-me a dizer) muito pobres… eis que surge “Cassandra´s Dream”.
Breve e directo, de passagem, só para dizer que Woddy Allen poderá estar de volta, libertando-se de uma vez por todas da ilusão criada pelo pretensioso “Match Point”. Nada que se compare com as grandes obras que completam a sua filmografia até 1999 ( “Sweet and Lowdown”), “Cassandra´s Dream” é sincero e arriscado, um ponto de fuga para o realizador que nos últimos anos se ausentou para ir tomar um café ao Monk’s, sendo substituído por uma patética tentação de reivindicar as suas anteriores potencialidades. Fazendo uma inevitável comparação com o primeiro filme londrino de Woddy Allen, este sonho da filha de Príamo vingasse da anterior desfeita, melhor entendida como um patético remake do espectacular “Crimes and Misdemeanors”, ou uma forçosa homenagem ao “Crime e Castigo” de Dostoievski. Centrando-se mais uma vez num assassinato, seus antecedentes, suas artimanhas de “fazeres” e respectivas consequências, “Cassandra´s Dream” ultrapassa “Match Point” no realismo, nos diálogos, nas personagens e acima de tudo nas interpretações. Em vez de um muito igual percurso de Juda ou de Rodin, agora apresentam-se dois irmãos em jogo, dois Troianos que aceitam a oferta de madeira, recusando-se a dar ouvidos à Cassandra marítima, único refúgio de Ian e Terry, magnificamente interpretados por Ewan McGregor e Colin Farrel. Centrando grande parte da sua duração nas vísceras da situação, o realismo é uma das maiores regalias deste filme, e quando damos por nós, espectadores, vivenciamos a dura mas provável capacidade humana de matar. Mais uma vez por cobardia, mais uma vez escapando às consequências dos actos, a adoração pela literatura Russa de Fédor D. está latente, adaptada a um argumento sólido… longe da perfeição, pecando com um final insatisfatório. Aqui não há lugar para a comédia, apenas para o arrependimento, não há escapadela possível, o cavalo foi aceite. A alta sociedade é deixada de lado, (finalmente!) e em vez de ópera (“Match Point” mais uma vez igual aos crimes e às escapadelas) temos a minimalista composição de Philip Glass, que nem de música os melhores momentos do filme precisam. O jazz para onde foi?! Gostava de saber… Enfim… Espero que Woddy interprete este seu último filme como o aviso da filha do Rei Troiano, prestes a perder o seu império…

1 Comments:

At janeiro 16, 2008, Blogger Carl said...

Tens de começar a escrever mais cenas para este blog =P

Hug

 

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