sexta-feira, julho 25, 2008

O Cavaleiro das Trevas

Em 2005 Chirstopher Nolan e David S. Goyer comprometeram-se a reavivar o universo de Batman após 4 capítulos de uma saga anterior, onde apenas Tim Burton conseguiu um resultado mais positivo. O herói de capa negra teve um novo início e um início que prometia. The Dark Knight (O Cavaleiro das Trevas) chega para cumprir essa promessa, apesar do hype
exagerado que se tem vindo a formar à sua volta.

Batman Begins mostrou a jornada de Bruce Wayne (Christian Bale) e o surgimento de um justiceiro para pôr fim à máfia que imperava na cidade de Gotham, culminando com um arauto para a sequela: a carta de Joker. Chirstopher Nolan juntou-se ao seu irmão Jonathan e juntos criaram um argumento para esta sequela onde a fasquia aumenta, como não podia deixar de ser. A ousadia estava em criar um Joker que se afastasse da personagem de Jack Nicholson na primeira adaptação cinematográfica, e também um vilão à altura de Bruce Wayne cujos alicerces foram bem enterrados em Batman Begins.

The Joker (Heath Ledger) surge para apoiar a máfia e lançar a cidade no caos mas Batman ganha um novo aliado em Harvey Dent (Aaron Eckhart) um advogado imparável na luta contra os criminosos de Gotham.

A verdade é que no rescaldo do visionamento deste filme o que mais sobressai é sem dúvida a interpretação de Ledger. O actor domina o filme de uma forma excepcional e que entra para a lista dos melhores vilões cinematográficos a que já pude assistir. O seu surgimento pela segunda vez no filme quase causa arrepios, numa personagem bastante contrastada, que provoca o medo mas nos proporciona os momentos de mais humor. Não há dúvida que esta obra é bastante negra e complexa e na sua duração de quase duas horas e meia, Nolan é fantástico na realização, sem necessitar de grandes extravagâncias e culminando num filme inesquecível. Christian Bale já não surpreende no seu papel, mas intensifica que ele é o Batman desta geração e Aaron Eckhart consegue um dos melhores papéis da sua carreira; multifacetada (literalmente), a sua personagem ganha uma reviravolta que apesar de bastante rápida é inteligível e necessária para o fecho do ciclo que é formado desde o início. Maggie Gyllenhaal substitui Katie Holmes num papel de curto protagonismo mas que não deixa de ser carismático e importante. Até Gary Oldman consegue adensar a sua personagem.

Para compensar, Hans Zimmer volta com uma excelente banda sonora, que compôs juntamente com James Newton Howard, criando um espectacular ambiente e um tema assombroso para Joker.

Apenas alguns dedos se podem apontar em relação ao argumento deste filme que a meu ver consegue ser inferior ao primeiro. Não existe uma personagem central forte que domine o filme, ele acaba por ser quase como um multiplot em que acompanhamos as diversas personagens no pano de fundo que é a situação social da cidade de Gotham, cujas principais dificuldades não são muito divergentes da actualidade.

Existe algo que torna esta adaptação de super-heróis especial em relação às restantes: ao contrário de Spider-Man, Batman é um herói sem super-poderes, com um lado humano bastante realçado por estes criadores. Esta faceta aproxima-nos das personagens e torna-as mais autênticas dentro deste universo cinematográfico. Para finalizar, é um filme dirigido ao grande público mas que marca por não se dedicar exclusivamente ao entretenimento. O conteúdo é mais denso do que pode parecer à partida e muitas vezes o género dos heróis de BD tende a ser desvalorizado. Mas The Dark Knight é um dos melhores filmes a que pude assistir do género e, para mim, o melhor blockbuster deste ano.