domingo, dezembro 31, 2006

Babel

Babel vem completar a trilogia da dor de Alejandro González Iñárritu, iniciada com Amores Perros e mais tarde com 21 Grams. O realizador apresenta-nos um multiplot que lidera as nomeações aos Globos de Ouro e que faz muitos ponderar o Óscar, principalmente depois de Crash (de Paul Haggis) ter ganho Melhor Filme. Babel centra-se como o próprio nome indica, na dificuldade de comunicação inerente entre culturas, bem como em outros aspectos.
Duas crianças Marroquinas testam a arma que o pai recentemente adquiriu acabando por atingir Susan (Cate Blanchett) num autocarro. A partir daqui se desencadeiam vários acontecimentos estando mais ou menos ligados, em diferentes partes do mundo; Brad Pitt interpreta o marido de Susan, e como tenta resolver a situação, numa terra distante do seu país, onde nada está ao alcance de um telefonema; no Japão, uma rapariga surda-muda luta contra o desprezo de que é vítima, principalmente a nível sexual; o filme aborda ainda uma mexicana, ama dos filhos de Susan, que ultrapassa com eles a fronteira do México a fim de poder figurar no casamento do filho.
Alejandro não poupa a dor às suas personagens, mas o tema principal de Babel perde-se um pouco nalgumas das suas abordagens. A falta de comunicação revela-se a todos os níveis e não só no linguístico, retratando a realidade do mundo, a babel de vozes que o caracterizam hoje em dia.
No entanto essa perda de centralidade e a extensa duração do filme não jogam a seu favor, pois é impossível ao espectador ir ao fundo da questão. A mensagem está presente mas não consegue ser transmitida.