segunda-feira, fevereiro 04, 2008

Sweeney Todd: The Demon Barber of Fleet Street


Tim Burton estabeleceu-se desde cedo como um dos realizadores com a visão mais negra do cinema. As suas obras mais recentes tendem porém a escapar a essa máxima, como por exemplo Charlie e a Fábrica de Chocolate ou Big Fish. Sleepy Hollow (A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça) ficou-me na memória como um dos últimos filmes de Tim Burton que melhor definiam a sua estética e o seu estilo… até à data (excluindo Corpse Bride –A Noiva Cadáver por ser animação). Sweeney Todd chega par provar que o realizador ainda está de volta em grande, no que parece juntar todos os requisitos que definiram muita da sua filmografia. O que falta para fazer disto um típico filme Tim Burtiano é Danny Elfman na composição musical, o que não torna o filme pior, muito pelo contrário, pelas mãos de Stephen Sondheim. Johnny Depp volta a protagonizar, acompanhado por Helena Bonham-Carter, Alan Rickman e até Sacha Baron Cohen, este último como um dos melhores comic-reliefs do filme. As restantes personagens são fáceis de definir dentro deste meio, com Alan Rickman a ser de novo um vilão, se bem que com um Sweeney Todd tão antagonista, vilão não será propriamente a palavra correcta. Bonham-Carter surge não só como rima narrativa de Sweeny, mas também como a personagem com mais camadas e por sua vez, mais complexa.

O que interessa referir é que Burton consegue expor de novo a sua visão soturna, misturada de humor negro e violência explícita que nos é fornecida num crescendo até ao clímax. Depp está no seu melhor na representação deste barbeiro que eleva a sua vingança a um extremo, num ensaio sobre a decadência humana e não é o facto de ser um musical que torna o filme inferior, mas Burton já se revelara um entendedor nos filmes anteriores.

A cena final fica inevitavelmente na memória quer pelo seu grafismo (e aqui os parabéns a Dariusz Wolski pela fotografia) quer pela realização, para o bem ou para o mal (caso o espectador tenha, ou não, um estômago delicado).