segunda-feira, março 03, 2008

Ressaca de Óscars

Mais uma semana que atarefou muita gente, impediu uma nova actualização do blog, na ressaca de uma semana importante para a cinéfilia: falo não só da entrega dos prémios da Academia, mas também da estreia do oscarizado a melhor filme No Country for Old Men. Não gostaria de deixar passar a oportunidade de dar o meu parecer sobre as obras nomeadas a esta categoria, colocando-as por uma ordem de preferência
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5. Michael Clayton

O filme de Tony Gilroy, e a sua primeira longa-metragem como realizador foi, a meu ver, uma nomeação desnecessária para a categoria de melhor filme, tal como na categoria de melhor actor. George Clooney já provou por diversas vezes os seus dotes e o recente prémio pelo desempenho em Syriana evitava esta nomeação. Michael Clayton foi uma das surpresas que de resto só levou o Óscar de Melhor actriz secundária para Tilda Swinton, um prémio bem entregue. No entanto a obra de Gilroy revela-se bastante desinteressante e cansativa que poderia ter dado lugar a outras obras que ao longo do passado 2007 nos surpreenderam pela positiva
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4. No Country for Old Men

A adaptação dos irmãos Coen mostra mais uma vez o talento desta dupla na realização e no próprio argumento. A atenção foge mais para Javier Bardem principalmente pela sua personagem (mais um Óscar bem entregue). O ritmo é bastante lento, ajudando-nos a pertencer ao ambiente do filme, o que acaba por ser um elemento de distracção noutros aspectos. No geral o filme é bastante bom e digno de um Óscar, mas talvez não numa mesma corrida com alguns dos seus oponentes este ano
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3. Atonement

Não posso mentir nem evitar dizer que Atonement foi um dos nomeados que mais me fascinou por diversas razões. Continuo a defender a ideia de que para o todo, um filme é constituído por bastantes pormenores; Atonement é preenchido por muitos destes pormenores fascinantes que nos ficam na memória. A história pode ser repetida e não ter um background por aí além, mas envolve-nos num tom que é bastante apelativo, fazendo-nos pertencer e sentir as personagens principais
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2. There Will be Blood

Há sangue, nem que para ele tenhamos de esperar pela extensa duração do filme. Com um ritmo também bastante lento, o último filme de P. T. Anderson mostra mais uma vez a sua faceta de realizador num arch-plot (como já fizera em Punch Drunk Love) e numa também excelente adaptação. There Will be Blood fica nesta lista como o 2º favorito ao Óscar de melhor filme, para além de (mais um bem entregue) Óscar de melhor actor para Daniel Day-Lewis, que nos trouxe um ensaio humano sobre a ganância, bem como a crítica à indústria do petróleo. Os primeiros minutos do filme homenageiam Stanley Kubrick e é impossível não pensar em 2001: Odisseia no Espaço

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1. Juno

Esta pérola do cinema é uma lufada de ar fresco que mereceu a nomeação para o Óscar e merecia sem dúvida o prémio, nem que fosse pela originalidade. Depois do visionamento do filme fiz figas para que a estatueta para Melhor Actriz Secundária fosse parar às mãos de Ellen Page, mas verdade seja dita que o Óscar só poderia pertencer a Marion Cotillard. Juno é uma comédia bem escrita, sendo o argumento o trunfo que segue Ellen Page, numa história pouco comum que apaixonou a América e tornou este filme numa das comédias mais bem sucedidas dos últimos tempos. “Um filme fofo”, usando a frase repetida por várias pessoas e o único desta lista que superou as minhas espectativas.