History of violence
Ok, um filme para o qual tinha grandes expectativas, mas que no fim de contas, ficou aquem das sua potencialidade.
A história, uma historia de violência, apresenta uma premissa que me atrai, e que me motivou a ir ver este filme (além do talento do realizador David Cronenberg, e do elenco claro), a ideia da inerência latente da violência no ser humano. Algo que não podemos evadir ou apagar do nosso cerne, a violência é uma constante na nossa vida, aliás, complementa-nos, integra o nosso ser. A violência, é apenas um dos elementos que nos estrutura. E esta é a premissa inicial da ideia que constitui este filme inspirado numa banda-desenhada homónima mas que, suspeito, supera em qualidade (o sindroma de transição de bd para cinema mantêm-se).
Um homem, vive uma vida pacifica, de sonho, o sonho americano na america capitalista do século XXI, numa era de beligerencia teleguiada, e genocidio capitalista, o nosso protagonista encontrou um destino que lhe reserva apenas aquilo que implementa a si próprio....vive uma vida pacifica, e terá uma destino pacifico. No entanto, como qualquer historia, segundo um arquetipo narrativo (ferramenta fundamental da narrativa), um elemento destabilizador irá atentar contra a sua vida perfeita, a sua familia, a sua identidade.....este homem aparentemente bondoso, poderá em tempos ter sido um famigerado criminoso homicida? Para isso, vejam o filme.
Após um inicio estrondoso e deveras cativante, a historia cedo começa a deambular por um meio de banalidade a vários niveis. A representação, é dos elementos mais fracos deste filme, reservando a qualidade devida para Ed Harris e William Hurt, apesar de em certas sequências, principalmente no acontecimento que o destacará violentamente do seu meio (logo verão, e não, não é a cena do restaurante) Viggo Mortensen faz um trabalho adequado. Mas esperava muito mais do grupo de actores de qualidade aqui reunido, pena que o mérito esteja maioritariamente nos vilões....parabéns para a dupla de criminosos introduzida no inicio, que, para descredito do filme, deveria ter sido mais explorada, mas enfim, é uma metafora ambulante do banalismo generalista da violência.
Quanto à fotografia e som, não tenho qualquer duvida da sua qualidade, foi feito um trabalho exemplar no tratamento da banda sonora e da fotografia deste filme, um dos grandes atrativos e fundamentos da sua força. No entanto, nem tudo são rosas numa realidade desbotada. Várias sequências são introduzidas neste filme, e a própria historia em si, prossegue acente nos efeitos da violência ao ser humano comum, mas a ideia destaca-se da concretização, quando esta não satisfaz os objectivos. Há uma banalidade exagerada na progressão da historia, não admito ter sido surpreso por qualquer momento do filme, o cliché reina surpreendentemente. O filho, introduzido como elemento comparativo da transformação do protagonista, cedo é apagado da narrativa, tal como o seu conflito interno, em relação ao pai, tal como a mulher deste, protagonizada por Maria Bello, que por vezes ronda no limite do ridiculo, a forma como reage ao facto do seu marido ser um potencial homicida psicótico, com uma identidade escondida da sua familia. É uma historia de violência, que acaba por incidir na viagem curta e objectiva do protagonista, descurando por vezes a importância dos restantes personagens. Cedo se torna comparável aos filmes de acção vistos e revistos nos ingloriosos anos 80.
Quanto a uma questão fundamental, a violência em si, o seguinte: não esperem brutalidade excessiva, violência subtil e inovadora, brutesco ou realismo. As sequências de acção estão aquem de trabalhos previos deste realizador, e não constituem um destaque de outros filmes do género. Uma historia de violência, com sequências de acção quase mediocres, especialmente na montagem das sequências de acção, visto que a noção de encenação e preparação destacam-se, ou seja, nota-se que estamos a lidar com um filme, nem verosimil chegam a ser as cenas de acção. A ficção, como boa ficção, não se deve fazer notar, deve ser aceite como uma realidade em si.
A montagem das sequências, da sucessão de planos, poderia estar mais trabalhada e eximia, visto que muitos momentos de entoação dramática, perdem o seu dinamismo devido a uma montagem apressada e pouco transigente (até o cinema clássico de hollywood se poderia destacar por vezes desta montagem).
No entanto, a vertente alternativa e inovadora é destacável, pela historia em si, pela tentativa por parte do realizador, e pelo ambiente que se consegue transmitir, em que sucessivamente, sente-se uma passagem subtil, entre um mundo equilibrado de paz, e um universo destacavel de violência. O bem e o mal, não são objectos de discussão deste, filme, por isso não percam tempo a tentar perceber se o protagonista é bom ou mau, esquizofrenico ou falso, psicótico ou sociopata, apercebam-se apenas da sua humanidade, dos seus defeitos e valores, e captem a sua essência como o ser humano que é transmitido, não como um arquetipo. Se procuram um género específico, não vejam este filme, mas, se procuram um filme original, não vejam este filme.
Tenho assim uma dualidade na avaliação deste filme, destaco a sua fraca representação, a pobreza da historia em si, as sequencias de confronto e violência mediocres, mas por outro lado, a sua temática é absorvente, o ambiente recriado cativante, os vilões, interessantes, a ideia de violência promissora, e várias sequências, destacam-se pela sua abordagem não clássica (sex scenes baby). Então o que decidir desta crítica? Gostei, achei um filme interessante, mas que me desapontou em várias questões, que poderia ter sido um clássico, mas não é, apenas mais um filme, com uma premissa promissora, mas execução banal. Mas esta é a minha opinião, não levem a mal, e acima de tudo, discutem e defendam o vosso ponto de vista...............diverti-me ao ponto de comprar o dvd (quando estiver em promoção). History of violence: 6/10
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