sábado, julho 07, 2007

Transformers

Ora bem… Devo começar por confessar que a minha antecipação era muita em relação a Transformers e depois da visualização do dito cujo continuo com algumas dúvidas sobre que tipo de avaliação dar. A minha relação com os filmes de Michael Bay é de paradoxo amor/ódio. O realizador consegue em todos os seus filmes criar sequências impressionantes mas infelizmente isso não se verifica no lado mais emocional. O seu penúltimo The Island (A Ilha), é um bom exemplo disso. Para além de ter sido um flop nas bilheteiras e de desprezar o talento de Scarlett Johanson, The Island tinha tudo a seu favor para funcionar, mas Bay usou e abusou dos pretextos criados pelo avançar da narrativa como desculpa para várias sequências de acção.
Neste Transformers nota-se a realização de Michael Bay em todos os planos, ou não tivesse o filme bastantes elementos ligados à sua filmografia, mas o realizador teve de ouvir os fãs da popular série de animação televisiva, sem no entanto deixar de dar asas à sua criatividade. Transformers é o perfeito blockbuster de Verão com os requisitos mínimos para tal: ser uma mega produção, efeitos especiais de topo, actores que chamem todas as facções do público, romance q.b., etc.

Mas (há sempre um “mas”) queria fazer minhas as palavras do Sr. Rocha: Michael Bay já mostrou persistência na mistura de “grandes momentos de acção e perseguição com pausas lamechas com flairzinhos de luz solar e câmara rotativa – lamentável”. Eu realmente até gosto da fotografia do filme, mas o realizador não consegue o equilíbrio pretendido. Os momentos de humor são bons, alguns também desnecessários e muito pornográficos mas todos gostam, e algumas personagens parecem ser inseridas à força para depois não serem desprezadas, enquanto outras perdem um pouco a sua coerência (como Jon Voight ou John Turturro). Shia LeBeouf e Megan Fox protagonizam bem e são um trunfo neste filme. Bay soube respeitar o espírito da série e até trouxe Peter Cullen para dar de novo voz a Optimus Prime, enquanto Megatron recebeu a voz de Hugo Weaving.
Falta falar dos magníficos efeitos especiais. A ILM esmerou-se e os computadores da empresa de George Lucas bateram o recorde para criar os robots que tão magnificamente estão personalizados no ecrã. Aqui é o ponto em que ninguém discorda, nem mesmo a crítica que se dividiu nos EUA.

No geral, sim, vale a pena ver Transformers no cinema porque se optar por uma cópia pirata ou esperar pelo DVD não se desfruta da verdadeira emoção e dos mais ínfimos pormenores dos Autobots e Decepticons. Fechemos os olhos ao lado emocional deste filme e concentremo-nos na espantosa criação da ILM e na excelente sequência final que agarra qualquer espectador à cadeira.
Que venham as sequelas, mas melhor pensadas em termos de história agora que já se sabe do que são capazes de fazer (e já agora convinha talvez não deixar Michael Bay na cadeira de realizador… aqui safou-se mas numa sequela já tenho mais receio).