sábado, janeiro 06, 2007

Apocalypto

Dois anos após o polémico A Paixão de Cristo, Mel Gibson regressa com a cultura Maia no início da sua extinção em Apocalypto. A acção desenrola-se a partir da frase de Will Durant “Uma grande civilização não pode ser conquistada por fora, antes de se destruir por dentro” e ao longo do filme Gibson dá-nos a conhecer uma civilização Maia que já está em decadência, culminando com a chegada doa espanhóis.
Pata-Jaguar (Rudy Youngblood) é um jovem caçador guerreiro de uma pequena aldeia pacata, embrenhada na floresta. As suas ocupações são a alimentação e paixão que nutre pela mulher Sete (Dalia Hernandez) e os seus filhos pequenos, um deles ainda por nascer. No entanto a harmonia levada por esta pequena tribo é quebrada com o ataque de um grupo Maia que reúne um grupo dos habitantes da aldeia, matando os restantes e deixando atrás de si um rasto de devastação. Pata-Jaguar consegue esconder a sua mulher grávida e o seu filho, mas é capturado e levado com os restantes.
O resto do filme centra-se na sua tentativa de fuga, depois de passar pelo cerne da cultura Maia. Sendo testemunha dos seus sacrifícios e vítima das suas acções, Pata-Jaguar consegue escapar mas a sua perseguição continua até à sua aldeia, onde entretanto o medo que nutre se transforma e ele confronta os seus perseguidores.
Mel Gibson consegue contar uma história cuja mudança reside na língua e na época. A estrutura é mais que conhecida. O filme é inteiramente falado no dialecto local (o que já acontecera em A Paixão de Cristo) e é uma das poucas vezes que testemunhamos a cultura Maia no cinema. No entanto a civilização que nos é apresentada não mostra os seus pontos positivos mas só os negativos, expondo-nos uma cultura extremamente bárbara.
Tecnicamente, o filme tem planos muito bons e foi filmado em digital, havendo um arraste na imagem que não é conseguida com a película. A banda sonora é bem contextualizada. No entanto Mel Gibson introduz (além de uma afinidade com os seus filmes anteriores) certas analogias facilmente associáveis ao Holocausto. Vejam e tirem conclusões…
Apocalypto é um bom filme centrado num tema que raramente é abordado, com uma estrutura que já é mais do que conhecida do espectador e com todas as características a que Mel Gibson nos tem habituado: violência extrema.